terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Fórmula mágica?


Que a obesidade pode ocasionar problemas físicos de saúde, como hipertensão, diabetes, dores nas articulações, apneia do sono, entre outras, nós já sabemos, mas uma dor com que a pessoa obesa sofre e, muitas vezes, tenta mascarar é a psicológica.

Os estigmas, preconceitos e baixa autoestima, frequentemente são vivenciados com intenso sofrimento pelo obeso e então, a ideia de que ter um corpo magro acabaria com todos os seus problemas, também é bastante frequente.

É certo que a melhoria na qualidade de vida conquistada com a perda de peso pode ser bastante significativa. Alguns apelidos estigmatizantes e situações desagradáveis como não conseguir sentar na cadeira do cinema, poderão ser evitados, mas está longe de ser a solução para todos os problemas.

Um exemplo de preconceitos sofridos pelo obeso e a falsa ideia de que um corpo magro eliminaria todos os seus problemas e o tornaria feliz, está no filme “O professor aloprado” que conta a história de um professor universitário Sherman Klump, vivido pelo ator Eddie Murphy que possui grandes conhecimentos de genética, mas que sempre é ridicularizado por ser extremamente gordo. Porém, quando recebe uma atenção especial de uma bela e jovem professora de matemática Carla Purty, interpretada pela atriz Jada Pinkett, ele decide ingerir um experimento ainda em fase de testes, que altera a cadeia de DNA e faz com que se transforme em um jovem esguio, Buddy Love. A partir de então, Sherman passa a levar uma vida dupla, pois o experimento tem um efeito que dura pouco tempo, voltando, então, ao seu corpo obeso.

As diferenças entre as duas personalidades do professor Sherman são gritantes. Quando está em seu corpo obeso ele anda de cabeça baixa, passa suas horas livres sozinho dentro de casa, assistindo a programas de ginástica na televisão e comendo uma quantidade exagerada de doces. Sente-se atraído pela bela professora de matemática, mas não consegue se declarar para ela.

Já no corpo magro, com o codinome Buddy Love, que é bastante sugestivo, ele se sente livre para amar, ser sociável, alegre e se envolver com várias mulheres. Mas, com esse corpo magro ele se dá o direito de desrespeitar as pessoas e então apesar de conseguir ter encontros com Carla faz com que ela se decepcione cada vez mais, com o jovem bonito, magro, engraçado, galanteador, mas que a desrespeita e mantém atitudes estranhas.

Somente quando o segredo do experimento é revelado, Carla entende os fatos estranhos que vinham acontecendo, Sherman declara seu amor por ela e ela também revela estar apaixonada por Sherman e não por Buddy Love.

Um corpo magro trás a possibilidade de melhor qualidade de vida e de se evitar algumas doenças causadas pela obesidade, mas não é sinônimo de felicidade nem de todos os problemas resolvidos. A felicidade, alegria e aceitação das outras pessoas só virá com o autoconhecimento, readaptação ao mundo externo, aceitação da nova condição física e reestruturação do aparelho psíquico.

Vestir a máscara da aceitação de um corpo acima do peso, não evita o desejo de um corpo magro e sadio, mas falsas expectativas em relação ao novo corpo também não são saudáveis.

2 comentários:

  1. Como é bom ler um texto em que a autora me compreende!
    Tenho 28 anos, 1,59m e 122kg, estou com depressão e todos acham que se eu fizer a CIRURGIA, meus problemas irão acabar!
    Eu sei que não...
    eu não me vejo magra e nem quero ficar magra, mas a minha saúde está me preocupando e eu estou muito cansada, logo deprimida!
    Diferente da maioria dos gordinhos que frequentam as reuniões da cirurgia, eu não tenho medo de morrer e sim medo de emagrecer demais e não me reconhecer ao me olhar no espelho.
    As pessoas estão me pressionando demais para fazer essa cirurgia, mas eu não quero pq sei que antes de mais nada a minha cabeça precisa mudar!
    Estou em crise, com a minha depressão, mas estou agindo a meu favor.
    Determinei, vou mudar!
    Beijokas e obrigada

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Helida.
      Primeiramente obrigada pelo feedback e por compartilhar sua experiência.
      Sempre digo que o maior problema da obesidade não é a obesidade em si, mas as doenças ocasionadas por ela e que é o que te preocupa.
      Existe uma grande fantasia sobre a cirurgia bariátrica de que ela resolverá todos os problemas da vida da pessoa.
      A cirurgia pode ser imprescindível em muitos casos, mas as questões psicológicas não mudam somente com a cirurgia.
      O novo corpo é sim um grande desafio para quem emagrece rapidamente. Tudo tem que ser readaptado. O corpo, a alimentação, a vida social, enfim todas as mudanças que mesmo positivas, são uma novidade na vida da pessoa.
      É extremamente importante que você procure um psicólogo especializado para te ajudar com essas questões que te preocupam. A psicoterapia é o caminho para o autoconhecimento e a partir dele você poderá entender as questões que estão atrapalhando sua vida.

      Um abraço,
      Adriana Pereira

      Excluir