terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Você tem fome de quê?


"A gente não quer só comida,
A gente quer saída para qualquer parte...
A gente não quer só comer,
A gente quer prazer pra aliviar a dor...”

Hoje usarei esses trechos da música Comida composta por Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sergio Brito em 1987 e grande sucesso da banda Titãs desde então.

Você já parou pra pensar por que come mais do que seu organismo necessita para se manter nutrido e saudável?

Normalmente você se sente culpado após uma grande comilança ou ataque de fúria contra toda a comida da geladeira e do armário, mas não consegue entender o real motivo desses acontecimentos e simplesmente diz que “sou assim”, afinal se, mesmo depois de todas as dietas que fiz voltei à compulsão e ao ganho de peso depois de poucas semanas, não tem como mudar. Serei sempre gordo.

É agora que quero usar os trechos da música.

Muitas vezes nos sentimos tão aprisionados por sentimentos, conhecidos ou não, mas que não sabemos lidar e então o que nos resta é buscar a “saída para qualquer parte” fora de nós mesmos. Na depressão, nas angústias, nas compulsões por compras, jogos, bebida e também comida.

A compulsão alimentar pode ser uma grande forma de “prazer pra aliviar a dor”. Algumas vezes a pessoa até entende que está comendo por tristeza ou solidão, mas o que interessa é que a dor é aliviada, pelo menos, por alguns minutos ou horas, até a próxima refeição.

Quando a obesidade tem origem emocional e o obeso não faz um trabalho de autoconhecimento através da psicoterapia, para aprender a lidar com suas emoções, seu comportamento continuará sendo o de sabotar qualquer dieta em busca de um método eficaz para perder peso, continuando assim, protegido, mas também aprisionado pela obesidade.

Pense. Você tem fome de quê?

Muito provavelmente essa resposta não será fome de comida e a psicoterapia poderá te ajudar a entender que sua fome pode ser de atenção, carinho, reconhecimento, amor, acolhimento, voz, vontade própria, enfim daquilo que você gostaria de ser, mas não consegue mudar sozinho.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Obesidade infantil


Desde o lançamento do documentário "Muito além do peso" queria muito assisti-lo, mas só tive a oportunidade nessa semana, mas com um presente que foi debatê-lo com minha turma de especialização em transtornos alimentares e obesidade.

Minha vontade de assistir ao documentário era grande e agora considero imprescindível que todas as pessoas, pais ou não, que o pretendem ser ou não, avós, tios, primos, vizinhos, enfim que todos assistam, pensem sobre sua alimentação e o que estão ensinando para suas crianças.

A obesidade que já é considerada como epidemia entre os adultos, não tem ficado atrás quando falamos de nossas crianças. Como visto nos filme o número de crianças com sobrepeso atualmente no Brasil é de 33% e de 14% de para crianças obesas.

Mas, como costumo dizer, o maior problema da obesidade não é a obesidade em si, mas as doenças à ela associadas. Doenças, antes típicas dos adultos, estão sendo cada vez mais frequentemente desenvolvidas por crianças. Com 5, 7, 9 anos as crianças já apresentam hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, dores nas articulações, dificuldades de respiração entre outras.

Além das doenças físicas é inevitável o surgimento das doenças emocionais, como isolamento social, depressão, baixa autoestima, falta de confiança em si mesmo e o sentimento de não pertencimento ao grupo, uma vez que este não procura a criança obesa para brincar devido suas dificuldades e limitações de movimentação.

Cada vez mais, presa enfrente à televisão, vídeo game e computador, a criança começa a se sentir sozinha, muito bem demonstrado na fala de uma mãe no documentário, relatando que seu filho lhe perguntou se ‘poderia comprar um amigo’, sinal do sentimento de exclusão diante do grupo.

Apesar de a criança estar exposta ao que os pais lhe ensinam comer e á necessidade de corresponder às exigências do consumismo em que vivemos, é evidente que ela, assim como os adultos, come por não saber como lidar com alguns sentimentos. A necessidade chega a ser tanta a ponto de não suportar a falta do alimento, como ocorre com outra criança do documentário que troca seu material escolar por comida com os colegas.

O documentário nos proporciona vários temas para reflexão, por exemplo, como estamos cuidando de nossas crianças, como elas estão se sentindo diante das exigências da vida moderna, a inatividade física proporcionada pelas horas a fio enfrente à um aparelho eletrônico, por serem vistos como consumidores e como obesos, mas não como criança.

Como reverter esse quadro, é algo para refletirmos e discutirmos em vários outros posts, afinal o assunto é inesgotável, mas recomendo que iniciem assistindo ao documentário.

Bom filme e boa reflexão.