terça-feira, 10 de abril de 2012

Esquizofrenia

Podemos dizer que um dos maiores medos do ser humano é o de enlouquecer, ou seja, perder o contato com a realidade. Diante desse medo, esquecemos que não temos como reconhecer nosso próprio diagnóstico de esquizofrenia ou psicose, pois ficamos totalmente envolvidos em nossas fantasias, que essas passam a ser o normal.
Um ótimo exemplo dessa patologia é o filme A ilha do medo, estreado em 2010 e dirigido por Martin Scorsesse, com a mistura de drama, mistério e suspense com o seguinte roteiro, baseado no livro de Dennis Lehane:
No ano de 1954, os agentes federais Teddy Daniels e Chuck Aule investigam o desaparecimento de uma interna do Hospital Psiquiátrico Ashecliffe. Ao viajarem para a ilha de Shutter - localizada em Massachusetts - para cuidar do caso, eles encontram uma rebelião de presos, devido a um furacão que se aproxima da ilha, e ficam impossibilitados de sair da ilha.
O filme parece contar a história da investigação do desaparecimento de uma interna de um hospital psiquiátrico, Rachel Soldano (Emily Mortimer) – uma jovem mãe que afogou os seus três filhos. Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) chega no hospital pela única forma de acesso, de balsa, uma vez que este fica no meio de um porto. A fuga é considerada, pelos profissionais do hospital, como impossível afinal o quarto onde ficava era constantemente monitorado, estava completamente intacto e a porta trancada por fora. O investigador, muito confiante, sabe que a qualquer momento irá encontrá-la, até porque não há como fugir daquele lugar com vida.
Para desvendar esse mistério Teddy Daniels conta com a ajuda de seu parceiro Chuck Aule (Mark Ruffalo), que parece ser a única pessoa a entender o investigador, uma vez que o diretor do hospital o Dr. Cawley (Ben Kingsley) e outros médicos e enfermeiros, não levam seu trabalho a sério. Existe também o Dr. Naehring (Max von Sydow), a quem Teddy suspeita ser um nazista que está praticando suas experiências na América – como lobotomia  e uso de drogas radicais. A lobotomia foi desenvolvida a partir de 1935 e é uma intervenção cirúrgica no cérebro onde são seccionadas as vias que ligam os lobos frontais ao tálamo e outras vias frontais associadas, que foi utilizada no passado em casos graves de esquizofrenia, supostamente para silenciar os pacientes psiquiátricos, tão incômodos na época. A intervenção, muito perigosa, uma vez que cerca de 6% dos pacientes não sobreviam e um grande número ficavam com enormes alterações da personalidade, foi abandonada a partir da década de 50 com o surgimento dos primeiros medicamentos antipsicóticos.
O investigador, mostra ao longo do filme ser uma pessoa atormentada por uma constante dor de cabeça e também por algumas lembranças do tempo em que foi soldado na segunda guerra e de sua ex-mulher, muitas vezes acompanhadas por uma criança. Confuso com suas lembranças do passado Teddy Daniels, chega a encontrar Rachel Soldano escondida na ilha, mas a cada momento parece estar ser mais difícil distinguir o real do imaginário.
Com uma ótima intervenção o Dr.Cawley consegue fazer com que Teddy volte-se à realidade que tanto tenta esquecer, lembrando então que o verdadeiro motivo de estar naquele hospital é o de ter matado sua mulher após chegar em casa e encontrar seus três filhos mortos por ela, afogados em um lago.
Temos então um ótimo exemplo de como funciona a mente de um esquizofrênico, que por não suportar sua realidade muito difícil perde o contato com ela, criando uma realidade paralela e tornando-a “real”, afim de minimar seu terrível sofrimento psíquico e passando a acreditar nessa nova realidade.
Durante o filme, os médicos do hospital psiquiátrico deixam que Teddy viva sua fantasia de investigador para confrontar os pontos irreais com os reias e a partir daí conseguir manter o contato com sua realidade. Essa prática muito utilizada atualmente funciona com Teddy, que no poder de suas faculdades mentais escolhe, conscientemente, que prefere a lobotomia a viver com a realidade que tanto o perturba.
O filme nos faz pensar o quanto, para muitas pessoas, a realidade é tão difícil que se pudessem escolher optariam pela loucura.  

Para saber mais sobre a esquizofrenia recomendo o livro Os anjos de Zabine: um ensaio psicoterapêutico, da autora Giuliana Bilbao, que por meio da história de uma jovem terapeuta que tem o desafio de compreender sua paciente Zabine, trás um olhar fenomenológico-existencial sobre o ser humano e mostra o tênue limite entre a sanidade e a loucura.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Autismo

Em dezembro de 2007, a ONU (Organização das Nações Unidas) decretou o dia 2 de abril como Dia mundial da Conscientização do Autismo. Por isso, trago um pouco de informação para contribuir com a luta por mais direitos e menos preconceito contra as pessoas portadoras de autismo.

O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento. É uma alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização e de comportamento. Esta desordem faz parte de um grupo de síndromes chamado transtorno global do desenvolvimento (TGD), também conhecido como transtorno invasivo do desenvolvimento (TID). Mais recentemente cunhou-se o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA) para englobar o Autismo, a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação.

Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam sérios problemas no desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a rígidos e restritos padrões de comportamento. Os diversos modos de manifestação do autismo também são designados de espectro autista, indicando uma gama de possibilidades dos sintomas do autismo. Atualmente já há a possibilidade de detectar a síndrome antes dos dois anos de idade em muitos casos.

Certos adultos com autismo são capazes de ter sucesso na carreira profissional. Porém, os problemas de comunicação e socialização causam, frequentemente, dificuldades em muitas áreas da vida. Adultos com autismo continuarão a precisar de encorajamento e apoio moral na sua luta para uma vida independente. Pais de autistas devem procurar programas para jovens adultos autistas bem antes dos seus filhos terminarem a escola.

No Brasil, ainda não há estatísticas a respeito do Transtorno do Espectro Autista, mas em 2010 a ONU declarou que, segundo especialistas, acredita-se que a doença atinja cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo, afetando a maneira como esses indivíduos se comunicam e interagem. O aumento dos números de prevalência de autismo levanta uma discussão importante sobre haver ou não uma epidemia da síndrome no planeta, ainda em discussão pela comunidade científica.

Um dos mitos comuns sobre o autismo é de que pessoas autistas vivem em seu mundo próprio, interagindo com o ambiente que criam; isto não é verdade. Se, por exemplo, uma criança autista fica isolada em seu canto observando as outras crianças brincarem, não é porque ela necessariamente está desinteressada nessas brincadeiras ou porque vive em seu mundo. Pode ser que essa criança simplesmente tenha dificuldade de iniciar, manter e terminar adequadamente uma conversa.

Outro mito comum é de que quando se fala em uma pessoa autista geralmente se pensa em uma pessoa retardada ou que sabe poucas palavras (ou até mesmo que não sabe alguma). Problemas na inteligência geral ou no desenvolvimento de linguagem, em alguns casos, pode realmente estar presente, mas como dito acima nem todos são assim. Às vezes é difícil definir se uma pessoa tem um déficit intelectivo se ela nunca teve oportunidades de interagir com outras pessoas ou com o ambiente. Na verdade, alguns indivíduos com autismo possuem inteligência acima da média.

A ciência, pela primeira vez falou em cura do autismo em novembro de 2010, com a descoberta de um grupo de cientistas nos EUA, liderado pelo pesquisador brasileiro Alysson Muotri, na Universidade da Califórnia, que conseguiu "curar" um neurônio "autista" em laboratório. O estudo, que baseou-se na Síndrome de Rett (um tipo de autismo com maior comprometimento e com comprovada causa genética), foi coordenado por mais dois brasileiros, Cassiano Carromeu e Carol Marchetto e foi publicado na revista científica Cell.

Características do autismo

Existem muitos graus de autismo, mas quanto mais cedo a criança for identificada e começar o treinamento de habilidades sociais, melhor será seu desenvolvimento.
Indivíduos com autismo usualmente exibem pelo menos metade das características listadas a seguir:
  • Dificuldade de relacionamento com outras pessoas
  • Riso inapropriado
  • Pouco ou nenhum contato visual
  • Aparente insensibilidade à dor
  • Preferência pela solidão; modos arredios
  • Rotação de objetos
  • Inapropriada fixação em objetos
  • Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade
  • Ausência de resposta aos métodos normais de ensino
  • Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina
  • Não tem real medo do perigo
  • Procedimento com poses bizarras
  • Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal)
  • Recusa colo ou afagos
  • Age como se estivesse surdo
  • Dificuldade em expressar necessidades
  • Acessos de raiva
  • Irregular habilidade motora
É relevante salientar que nem todos os indivíduos com autismo apresentam todos estes sintomas, porém a maioria dos sintomas está presente nos primeiros anos de vida da criança. Estes variam de leve a grave e em intensidade de sintoma para sintoma. Adicionalmente, as alterações dos sintomas ocorrem em diferentes situações e são inapropriadas para sua idade. É importante salientar também que a ocorrência desses sintomas não é determinista no diagnóstico do autismo, para tal, se faz necessário acompanhamento com psicólogo ou psiquiatra especialista no transtorno.

Fonte: Wikipedia.org